O amor mede-se em Celsius

João Sevilhano
3 min readMar 13, 2016

Uma das bases de atracção entre sexos é, sem qualquer sombra de dúvida, a compatibilidade térmica. Na verdade, para ser mais correcto, não será uma fonte de atracção mas um factor que serve para manter a relação, qual argamassa construtora do amor. O calor da paixão dos primeiros tempos impossibilita antever as possíveis diferenças térmicas que podem existir no casal.

Quando existem, podem tornar-se num teste permanente à capacidade para suportar a frustração e injustiça por parte do homem. Tendencialmente mais quente, nos meses mais frios do Outono e Inverno, o homem é agraciado com a busca de proximidade, com a procura do contacto físico, cuja motivação é a compensação térmica na mulher, geralmente em relação a alguma das extremidades do seu corpo. O homem, estoico, altruísta, que aguenta e aprende a suportar e a gostar desse arrefecimento momentâneo, sente-se útil e gostado, permitindo-lhe, assim, não reagir de forma fisiológica àquela afronta térmica. A mulher faz dessa forma uso do seu poder maior: fazer com que o homem se sinta útil e superior, sem o ser; proporciona o convencimento de que este tem o domínio da situação, que é o protagonista, quando, na verdade, o controlo é, e será sempre, feminino.

A verdadeira provação surge quando, por alguma circunstância em que a homeostasia térmica do homem dita que, por exemplo, a mão deste transmita uma sensação térmica inferior à que a mulher esteja a experimentar num dado momento. Aí a reacção feminina é fisiológica, automática, completamente desprovida de empatia. É uma reacção muito próxima à que aconteceria…

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